17 de abril de 2013

Alta no preço da mandioca deve se manter por até mais dois anos, dizem especialistas

Foto: Andre Penner / AP Photo
A alta verificada no preço da mandioca pode se estender por mais dois anos e os produtores cobram política reguladora para o setor. O diagnóstico foi apresentado na terça, dia 16, na audiência pública da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados, que discutiu a comercialização, o cultivo e as técnicas de produção da mandioca.

Plantada de norte a sul do Brasil, a previsão é de que a raiz ocupe 2,3 milhões de hectares de terra neste ano, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A projeção, no entanto, pode não se concretizar devido à atual redução de área plantada.

Nos últimos meses, os preços do produto dispararam, sobretudo no Nordeste, onde a mandioca está presente na alimentação diária da população e é cultivada basicamente em forma de subsistência pela agricultura familiar. Em Pernambuco e na Bahia, os preços da farinha de mandioca quase triplicaram em fevereiro, na comparação com o mesmo período de 2012, com reflexos nos seus derivados, como a tapioca, a paçoca e o beiju.

Servidor da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e presidente do 15º Congresso Brasileiro da Mandioca, Carlos Estevão Leite prevê que a alta dos preços da mandioca será duradoura e no país inteiro. 

– Só as condições climáticas já justificam a continuidade da alta de preço. Além disso, tem a falta de material de plantio: maniva-semente. O cenário, com o prolongamento da seca, é que a gente tenha mais um ou dois anos de preços elevados no Brasil como um todo. 

Outros aspectos apontados como agravantes da situação são o cultivo em áreas de solo de baixa fertilidade, o baixo uso de insumos agrícolas, o reduzido investimento em pesquisa e, sobretudo, a falta de políticas estruturadas em apoio à cadeia produtiva da mandioca.

Políticas conjuntas

Autor do pedido de audiência pública, o deputado Alexandre Toledo (PSDB-AL) defendeu ações públicas e privadas mais unificadas em prol do setor. Na opinião do parlamentar, não há política que regule a produção da mandioca. 

– Essa alta é em função da diminuição da produção. É o mercado livre: o mercado da oferta e da procura. Para impedir, é preciso uma política de produção, de segurança do agricultor, de melhoria de produtividade, de novos cultivares, e de variedades mais resistentes que agreguem mais valor. Essa oscilação está penalizando o produtor e também a população com o aumento do preço.

O diretor do Departamento de Geração de Renda e Agregação de Valor do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Nilton Pinho De Bem, afirmou que a mandioca é estratégica do ponto de vista da segurança alimentar e, por isso, o cultivo do produto é contemplado nos principais programas de crédito do ministério, como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).

AGÊNCIA CÂMARA

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