Mostrando postagens com marcador Fitopatologia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Fitopatologia. Mostrar todas as postagens

28 de março de 2013

Vassoura-de-bruxa

Em 1989 a cultura do cacau brasileira sofreu uma queda em sua produção, o que, em parte, pode ser explicado pelo surgimento e desenvolvimento do fungo Moniliophthora perniciosa (Stahel) Singer, que é responsável pela doença conhecida como vassoura-de-bruxa do cacaueiro (PEREIRA et al., 1990; SANTOS JUNIOR, 2012). 

O fungo M. perniciosa pertence à divisão Eumycota, subdivisão Basidimycotatina, ordem agaricales e família Tricholomataceae. Este foi identificado inicialmente por Stahel, como Marasmius perniciosus, e posteriormente foi transferido por Singer para outro gênero, Crinipellis, o que foi endossado por outros pesquisadores. No entanto, a classificação sofreu uma reformulação, por meio de análises filogenéticas de quatro regiões de genes nucleares, Aime e Phillips Mora (2005) determinaram que os fungos C. perniciosa e Moniliophthora roreri pertencem ao mesmo grupo taxonômico. Desta forma, o C. perniciosa passou a ser denominado de Moniliophthora perniciosa

Este fungo é um patógeno destrutivo, causador da vassoura-de-bruxa do cacaueiro (Theobroma cacao). Desde a sua ocorrência na costa do Equador, em 1984, este fungo representa, atualmente, um dos principais fatores limitantes na produção de cacau na América do Sul e nas Ilhas do Caribe, tendo assumido o papel de mais importante patógeno do cacaueiro. Este fungo ainda tem com hospedeiros plantas da família Malvaceae, Solanaceae, Bignoniaceae, Bixácea e Malpighiaceae (RINCONES at al, 2006;SANTOS JUNIOR, 2012). 

Quanto à sintomatologia da doença, segundo Kimati (1997), os sintomas podem ser vistos em ramos novos, frutos e botões florais. Em ramos, caracterizam-se por intumescimento dos brotos vegetativos com redução no comprimento dos internódios, deformação de folhas e perda da dominância apical, o que acarreta a proliferação das brotações laterais, formando as características vassouras. Inicialmente, as vassouras são verdes e tornam-se marrons quando advém a necrose dos tecidos. Nas vassouras mortas formam-se basidiocarpos róseo-claros. 

Em frutos, a sintomatologia é variável em função do tipo de infecção. Se esta ocorrer em flores, dará origem a diminutos frutos róseos, deformados, denominados morangos, que posteriormente mumificam. A infecção em frutos já formados resulta em lesões escuras, irregulares e firmes ao tato. Plantas adultas raramente morrem em decorrência do ataque do patógeno, mas têm sua produção severamente comprometida. Plantas jovens, no entanto, podem morrer devido à morte das brotações.
 

O controle químico desse fungo foi inicialmente verificado em 1909 no Suriname, desde  então, novas tentativas foram feitas, inclusive no Brasil, sem que os resultados tivessem sido inteiramente satisfatórios e/ou econômicos. Atualmente a necessidade de controle da praga se baseia no fato de se encontrar novos fungicidas que tenham seletividade e bom custo de aplicação, o desenvolvimento de novos antifúngicos depende das diferenças bioquímicas entre os fungos e outros organismos. 

Vários esforços foram utilizados para tentar conter a expansão da vassoura-de-bruxa na Bahia, no entanto, boa parte destes falharam devido a muitas razões, sendo uma a falta de resistência genética durante os primeiros contatos com a praga. A redução do avanço da praga tem sido feita utilizando medidas básicas e praticas de agricultura como podas fitossanitárias, fertilização ou aplicação de fungicidas cúpricos. (SANTOS JUNIOR, 2012) 

As medidas fitossanitárias apresentam eficácia somente quando aplicadas sobre uma ampla área geográfica. Esforços têm sido voltados para a busca de medidas alternativas para o controle efetivo da vassoura-de-bruxa, podendo ir desde a racionalização do uso dos fungicidas cúpricos (ainda muito caros) a redução da frequência de realizações do saneamento vegetal (COSTA et al, 2009;). 

O surgimento dos fungicidas sistêmicos, principalmente daqueles com atividade contra fungos da classe dos basidiomicetos, criou novas perspectivas para o controle da vassoura de bruxa, não só em frutos, como também em lançamentos foliculares e almofadas florais. Os primeiros a mostrar atividade in vivo pertencem ao grupo dos triazóis. Os fungicidas do grupo dos triazóis têm se destacado não só em ensaios de laboratório e casa de vegetação, como também, e principalmente, em condições de campo. O fungicida tebuconazol foi o que mostrou os melhores resultados em uma série de experimentos realizados na região cacaueira da Bahia, dados estes que motivaram sua recomendação no controle da vassoura de bruxa tanto em viveiros quanto em campo. As estrobilurinas são um grupo de antifúngicos que também tem mostrado bons resultados, com destaque para a azoxiestrobina; pode-se obter um controle efetivo em almofadas florais e lançamentos foliculares, mas pouca efetividade em frutos infectados. (OLIVEIRA, LUZ, 2005) 

Além das medidas ligadas a aplicação de antifúngicos e poda fitossanitária, a pesquisa por variedades resistentes, indução de resistência do hospedeiro e a busca de fungos antagônicos ao M. perniciosa, constituem algumas das linhas mais promissoras para o controle da vassoura de bruxa, constituindo-se uma forma de menor impacto ambiental e mais econômica (COSTA et al, 2009). 

Pesquisas com a microbiota associada à vassoura-de-bruxa do cacaueiro mostraram que o controle biológico do M. perniciosa, durante a sua fase saprofítica, é possível pela utilização de fungos antagônicos e competidores. Resultados promissores foram obtidos com o fungo Trichoderma stromaticum para o biocontrole do fungo causador da vassoura de bruxa. Esse controle reduz o crescimento, esporulação e propagação dos patógenos que afetam o cacau, através do mico-parasitismo direto ou por meio da produção de metabólitos ativos (MEDEIROS et al, 2010). 

A utilização de microrganismos antagônicos envolvendo diferentes mecanismos de ação como competição, antibiose e hiperparasitismo, poderia desempenhar um importante papel para o desenvolvimento de um programa de controle integrado da praga, destacando a correlação destas medidas com o controle fitossanitário e químico. Bastos, Evans e Samson (1981) em seu trabalho demonstrou que Cladobtryum amazonense Bastos, Evans et Samson (fungo encontrado hiperparasitando basidiocarpos de C. perniciosa ) produzia um composto com propriedades antibióticas, bloqueando assim o desenvolvimento micelial e germinativo dos basidiósporos, resultados estes obtidos em experimento in vitro. Resultados envolvendo condições de campo ainda estão em curso (OLIVEIRA, LUZ, 2005).

Referência:

SANTOS JUNIOR, M. C. Purificação parcial, caracterização e estudos de Ancoragem molecular da pirofosforilase do moniliophthora perniciosa. Programa de pósgraduação em biotecnologia. Feira de Santana, 2012. Disponível em: <http://www2.uefs.br/ppgbiotec/portugues/arquivos/corpo%20discente/doutorado/2008/manoelito_coelho_dos_santos_junior-tese.pdf>. Acesso em: 27 de março de 2013.


Vassoura-de-bruxa

Slides sobre Vassoura-de-bruxa Download Aqui.

27 de março de 2013

Incompatibilidade dos Agrotóxicos

A aplicação de mistura de agrotóxicos é uma prática muito utilizada para o controle de pragas e doenças de várias culturas. 

A principal vantagem de se utilizar essas misturas está na possibilidade de reduzir o número de pulverizações da lavoura, pois numa única aplicação pode ser feito o controle de doenças e pragas, reduzindo o custo final de produção. 

No entanto, são escassas pesquisas sobre misturas no Brasil. Fato esse que traz insegurança aos agricultores sobre como e quais misturas devem ser usadas, e um dos principais problemas é a redução de eficácia dos produtos utilizados. (ARRUÉ et al., 2011) 

A compatibilidade física e química entre os produtos deve ser observada quando estes forem associados à calda de pulverização. A compatibilidade física corresponde a formação de precipitados (grânulos) na calda pode levar, por exemplo, ao entupimento dos bicos de pulverizações e à perda de eficácia dos produtos. 

Em relação a compatibilidade química é importante saber que em reações alcalinas nas caldas de pulverizações pode ocorrer decomposição da maioria dos inseticidas e fungicidas, comprometendo a eficácia do tratamento. Cada produto apresenta uma faixa de pH, que pode variar entre 5,0 e 6,5, onde a sua atividade é otimizada. 

É importante frisar que o uso de mistura de tanque para produtos fitossanitários, não é regulamentada pelo Ministério da Agricultura, somente é permitido o uso de misturas prontas que estão disponíveis no mercado, como exemplo tem, os triazóis+estrobilurinas ou triazóis+inseticidas sistêmicos, dentre outras. 

A aplicação conjunta de inseticidas e fungicidas atualmente é proibida pela legislação brasileira, porém, elas são realizadas com grande frequência e podem resultar em três situações diferentes, efeito aditivo que seria quando a eficiência do produto é similar ou igual à aplicação de ambos individualmente, efeito sinérgico quando um produto aumenta a eficiência do outro por meio da mistura e efeito antagônico quando um produto interfere negativamente na eficiência do outro (QUEIROZ, 2008). 

Isto deve ser levado em consideração, pois há sempre o risco destas misturas resultarem em produtos não eficientes e mais tóxicos do que se fossem empregados separadamente. Além disso, aumenta a probabilidade da quantidade de resíduos ultrapassarem o limite tolerável para a cultura. 

Abaixo segue um quadro de agrotóxicos com suas respectivas incompatibilidade.

PRINCÍPIO ATIVO
GRUPO
MODO DE AÇÃO
NOME COMERCIAL
INCOMPATIBILIDADE
ENXOFRE
ENXOFRE ELEMENTAR
CONTATO
KUMULUS
CALDAS OLEOSAS
CAPTAN
DICARBOXIMIDA
CONTATO
ORTHOCIDE 500
PRODUTOS ALCALINOS
CIMOXANIL +
FAMOXADONA
ACETAMIDA +OXAZOLIDINADIONA
CONTATO
EQUATION
PRODUTOS ALCALINOS
CLOROTALONIL
ISOFTALONITRILA
CONTATO
BRAVONIL 500
ÓLEOS EM GERAL
CLOROTALONIL
ISOFTALONITRILA
CONTATO
BRAVONIL 750 WP
ÓLEOS EM GERAL
BRAVONIL ULTREX
ÓLEOS EM GERAL
DACONIL 500
ÓLEO MINERAL
DITIANONA
QUINONA
CONTATO
DELAN
PRODUTOS ALCALINOS E ÓLEO MINERAL
ENXOFRE
INORGÂNICO
CONTATO
COVER
PRODUTOS A BASE DE
PRODUTOS A BASE DE
ÓLEO
FAMOXADONA +
MANCOZEBE
OXAZOLIDINADIONA +
DITIOCARBAMATO
CONTATO
MIDAS BR
PRODUTOS ALCALINOS
FOLPET
DICARBOXIMIDA
CONTATO
FOLPAN AGRICUR
500 WP
PRODUTOS ALCALINOS
MANCOZEBE
DITIOCARBAMATO
CONTATO
MANCOZEBE BR
PRODUTOS ALCALINOS
MANZATE WG
PRODUTOS ALCALINOS
PERSIST SC
PRODUTOS ALCALINOS
MANCOZEBE +
OXICLORETO DE
COBRE
DITIOCARBAMATO+
INORGÂNICO
CONTATO
CUPROZEB
PRODUTOS ALCALINOS
OXICLORETO DE COBRE
INORGÂNICO
CONTATO
AGRINOSE
CALDA SULFOCÁLCICA E
CARBAMATOS
CUPURAN 500 PM
CALDA SULFOCÁLCICA E
CARBAMATOS
RAMEXANE 850 PM
TMTD, DICLORAM,
CARBAMATOS E
CLOROPROPI
RECONIL
TMTD, DNOC, ENXOFRE
CÁLCICO E
DITIOCARBAMATOS
AZOXISTROBINA
ESTROBIRULINA
SISTEMICO
AMISTAR WG
ÓLEOS EM GERAL
VANTIGO
ÓLEOS EM GERAL
FOSETIL
FOSFONATO
SISTEMICO
ALIETTE
ÓXIDO CUPROSO,
FETILIZANTES FOLIARES
MAP E DAP
CIMOXANIL+
MANCOZEBE
ACETAMIDA +
DITIOCARBAMATO
SISTÊMICO
CURZATE BR
PRODUTOS DE REAÇÃO
ALCALINA
CIPROCONAZOL
TRIAZOL
SISTÊMICO
ALTO 100
SULFATO DE ZINCO E
MANGANÊS
FENARIMOL
PIRIMIDINIL CARBINOL
SISTÊMICO
RUBIGAN 120 EC
PRODUTOS ALCALINOS
TIOFANATO
METÍLICO
BENZIMIDAZOL
SISTÊMICO
CERCOBIN 700 WP
CÚPRICOS E PRODUTOS
ALCALINOS
METILTIOFAN
PRODUTOS ALCALINOS E
COBRE
TIOFANATO
SANACHEN 500 SC
PRODUTOS DE REAÇÃO
ALCALINA E CÚPRICOS
CLOROTALONIL +
TIOFANATTO
METÍLICO
ISOFTALONITRILA +
BENZIMIDAZOL
SISTÊMICO E CONTATO
CERCONIL WP
ÓLEO MINERAL
CLOROTALONIL +
TIOFANATTO
METÍLICO
ISOFTALONITRILA +
BENZIMIDAZOL
SISTÊMICO E CONTATO
TIOFANIL
ÓLEO MINERAL
DIMETOMORFE
MORFOLINA
SISTÊMICO E CONTATO
FORUM
PRODUTOS ALCALINOS



Referências:
COSTA, D. R. ARTIGO: Considerações gerais sobre o uso da mistura de fungicidas e nutrientes no cafeeiro. 2008. Disponível em: <http://www.revistacafeicultura.com.br>. Acesso em: 26 de março de 2013.

ARRUÉ, A.; GUEDES, J. V. C.; BURTET, L. M.; STURMER, G. R.; BIGOLIN, M.; STEFANELO, L. da S.; SARI, B. G. INFLUÊNCIA DA MISTURA EM TANQUE DE INSETICIDAS E FUNGICIDAS NA CULTURA DA SOJA. Santa Maria, RS, 2011.

http://www.agricultura.gov.br

19 de março de 2013

Receituário Agronômico


A aplicação de um agrotóxico, prevista e autorizada por um uma receita agronômica é uma das etapas de um planejamento fitossanitário para a cultura. Este planejamento deve prever várias etapas iniciais, englobando outras estratégias de manejo integrado, com práticas de controle cultural, físico e biológico, quando possível. Na etapa de controle químico, o profissional deve escolher a melhor opção dentre todas as alternativas válidas, considerando para efeito de comparação o custo, a eficiência, a segurança (ao aplicador, consumidor e ambiente), a seletividade, a compatibilidade, a praticabilidade e a praticidade. O receituário agronômico envolve todo o processo, e a emissão da receita é sua parte final e condição indispensável para a aquisição do produto. 

16 de março de 2013

Mancha ferruginosa (Cylindrosporium mori) em folha de amora

Cylindrosporium mori em folha de amora.
Mancha ferruginosa é uma doença encontrada na cultura da amora e pode causar dados econômicos na mesma, o fungo é o Cylindrosporium mori, conhecido por ter pequenas manchas marrom-avermelhadas com bordas mais claras, nas folhas. Sua incidência causa queda nas folhas e reduz o valor nutritivo dos frutos.



Sintomas

Mancha de aproximadamente 2mm de diâmetro com centro esporulativo (sinais) do fungo na face abaxial da folha. Ocorrem também manchas e sinas na face adaxial; lesões marrom-escuras, algumas com estruturas rosas ou brancas (sinais) no centro, indicando frutificação do fungo, agente causal.

Controle

A melhor estratégia de controle de doenças está na prevenção, evitando a sua introdução em uma área com histórico de problemas. Como a cultura da amoreira ainda é pouco difundida no Brasil, o trabalho de prevenção de doenças se torna mais fácil. 
Uma vez feita a identificação, foram feitas propostas de controle, baseadas em informações de outras culturas que apresentem problemas similares ou iguais, determinando a melhor estratégia de manejo para a redução dos danos provocado pela doença.

Consulta: http://fitopatologia1.blogspot.com.br/2010/05/mancha-foliar-causada-por.html


25 de fevereiro de 2013

Termoquimioterapia


   
     Tratamento de sementes, no sentido amplo, é a aplicação de processos e substâncias que preservem ou aperfeiçoem o desempenho das sementes, permitindo que as culturas expressem todo seu potencial genético. Inclui a aplicação de defensivos (fungicidas, inseticidas), produtos biológicos, inoculantes, estimulantes, micronutrientes, etc. ou a submissão a tratamento térmico ou outros processos físicos. No sentido mais restrito, refere-se à aplicação de produtos químicos eficientes contra fitopatógenos.
    A termoquimioterapia é a combinação do tratamento físico (termoterapia) e