25 de fevereiro de 2013

PREPARO PERIÓDICO DO SOLO


São as operações realizadas após o preparo inicial do solo (essa inicia-se com a eliminação da vegetação, seguida de uma limpeza do solo visando a erradicação de pequenas raízes ou ramos), em que a mobilização da camada superficial é realizada com implementos de órgãos ativos: discos (lisos ou recortados), hastes, lâminas ou enxadas e ferramentas, cuja conformação se destina à erradicação de plantas daninhas.

Destacam-se como equipamentos principais os arados, as grades e os subsoladores.

ARADOS

Arados de aivecas

É um dos implementos mais antigos utilizados no preparo do solo para instalação de culturas periódicas. Foram utilizados, além de outros povos, pelos chineses, os quais inicialmente possuíam formatos triangulares ou quadrados e, posteriormente, curvados, sendo estes utilizados até os dias de hoje sem grandes modificações.


Podem ser classificados como segue:

  • Quanto a forma de acionamento

      Tração animal
      Tração mecânica
  • Quanto a forma de acoplamento à fonte de potência

      De arrasto 
      Montado
      Semi – montado
  • Quanto a movimentação do órgão ativo

     Fixo
     Reversível
  • Quanto ao número de órgãos ativos

    Monocorpo
    Corpos múltiplos

A constituição das aivecas é ilustrada na figura a seguir.



Arados de Discos
O arado de discos apareceu em substituição aos arados de aivecas e sua origem teve como ponto de partida a grade de discos. Este tipo de arado é uma das máquinas mais estudadas e aperfeiçoadas pelos engenheiros, técnicos e fabricantes de maquinaria agrícola.
Arados de disco e de aiveca.

Foi construído para ser usado em terrenos secos e duros, porém não pode-se desprezar o uso do arado de aivecas pela simples razão de que nenhum arado de um só tipo e tamanho pode preparar todos os tipos de solo, nem ser utilizado em todas as estações do ano com iguais resultados.
Eles apresentam como principal vantagem, quando comparados com os de aiveca, o fato de possuírem como órgãos ativos, os discos que, para executar sua função, trabalham com um movimento de rotação e, portanto, são menos suscetíveis a impactos, uma vez que, ao encontrar um obstáculo qualquer, o disco rola sobre o mesmo, diminuindo a influência do impacto sobre a estrutura. Também são preferíveis para solos pegajosos e com terra endurecida.


Os arados de discos continuam operando, mesmo depois que seus órgãos ativos tenham sofrido um desgaste considerável, podendo ser utilizados em solos abrasivos sem perda da sua eficiência. Já as relhas do arado de aiveca, quando desgastadas, perdem suas características técnicas e há necessidade de repará-las ou substituí-las para que possam continuar operando, o que faz com que os arados de aiveca não possam ser utilizados em solos abrasivos. No entanto, o arado de discos não realiza o tombamento da leiva ou da cobertura da vegetação de superfície de maneira tão perfeita quanto o arado de aiveca.

A constituição do arado é ilustrada na figura a seguir.




Os discos que compõem o arado podem ser:

a) Discos lisos
Sua constituição básica é de aço 1045. Não possui dentes, o que define a sua penetração ao solo é a curvatura, espaçamento e número de discos, peso, velocidade de trabalho e inclinação tanto vertical como horizontal. Suas bordas são temperadas e revenidas e possuem furos na região central para alívio de tensões.


b) Discos recortados
Sua constituição básica também é de aço 1045. O recorte é feito para melhorar a capacidade de corte; possui ângulo de afiamento na parte externa e interna. Quando comparados com os discos lisos, apresentam a vantagem de melhor performance (maior penetração no solo) e a desvantagem de maior probabilidade de quebras. Ambos são conformados a quente.


Discos liso e recortado, respectivamente.

Fatores que Influem na Penetração dos Discos no Solo
Podem ser citados:
  •  Ângulo vertical;
  •  Velocidade operacional;
  •  Peso dos discos;
  •  Afiação dos discos;
  •  Relação f/d (concavidade/diâmetro);
  •  Mola da roda guia.



GRADES

Sua função é completar o serviço executado pelos arados, embora elas possam ser utilizadas antes ou até mesmo em substituição a estes em algumas situações. Também têm a função de complementar o preparo do solo, no sentido de desagregar os torrões, nivelar a superfície do solo para facilitar a semeadura, diminuir vazios que resultam entre os torrões e destruir os sistemas de vasos capilares que se formam na camada superior do solo, para evitar a evaporação de água das camadas mais profundas.

Fonte: Google imagens

As grades de discos podem ser basicamente de três tipos:


a) Simples ação
Sua característica básica é a inversão do solo com uma passada. Estes sistemas são empregados somente no controle de plantas daninhas (capina superficial).





b) Dupla ação
São sistemas providos de discos, os quais permitem a mobilização do solo, ou seja, o solo é removido e depois sofre uma desestruturação. Utilização marcante em operações de nivelamento superficial do solo após a mobilização pela aiveca ou arado de discos.

c) Tandem ou off-set
São aquelas utilizadas para mobilização profunda do solo em substituição aos arados de discos ou aivecas. Também conhecido como grade aradora.


O acoplamento das grades podem ser de três tipos:
a) Arrasto
Utilizam a barra de tração (BT) para movimentação e ação dos órgãos ativos.

b) Montados
São aqueles acoplados nos 3 pontos do trator, ou seja, no 3º ponto superior e nos dois pontos inferiores.

c) Semi-montados
São aqueles que utilizam a barra de tração para movimentação dos órgãos ativos e seu transporte é realizado pelos 3 pontos do trator.

Quanto aos tipos de discos utilizados, podem ser:
  •  Plano liso;
  •  Côncavo de centro;
  •  Côncavo de centro plano;
  •  Côncavo liso.
  •  Côncavo recortado;
  •  Cônico recortado.

A perfeita profundidade de mobilização de um disco de arado é de 1/3 do diâmetro, pois, desta forma, permite um perfeito ajuste do ângulo de ataque. O ângulo de ataque para discos de grades está relacionado com o ângulo de abertura das seções das grades e com o deslocamento do centro de tração da fonte de potência.


SUBSOLADORES

Subsolagem é uma prática que consiste na mobilização sub-superficial do solo com o objetivo de quebrar as camadas compactadas ou adensadas do solo. Subsolador é um implemento agrícola provido de órgãos ativos (hastes) que são responsáveis pela quebra da camada compactada. Seu acoplamento é através dos três pontos do trator ou da barra de tração.

Formato de hastes do subsolador: a) reta, b) curva, c) parabólica.
O subsolador têm a função de descompactar a camada B, como ilustrado na Figura:
Esquema de ação de um subsolador: A- Camada arável ou permeável  do solo; B -  Camada compactada; C- Solo sem compactação.

As causas da compactação podem ser originadas:
  •  Pela pressão exercida no solo pelos pneus e esteiras dos tratores;
  •  Pelo tráfego constante das máquinas sobre o solo;
  •  Pela ação dos órgãos ativos (discos, hastes e enxadas) durante a operação de
  • mobilização do solo.


Os efeitos da compactação podem ser:
  •  Redução da macroporosidade do solo (esmagamento das partículas do solo);
  •  Redução do sistema radicular das culturas;
  •  Erosão superficial.

A eficiência da subsolagem está correlacionada com o teor de água presente no solo; quanto menor a umidade do solo, maior a eficiência da subsolagem. Ela requer alta potência para realizar seu trabalho.

Referência:

BALASTREIRE, L. A. Máquinas Agrícolas. São Paulo: Manole, 1987. 307 p.

CARWILL, J. Caderneta de mecânica. São Paulo: Hermis, 1987.

FILHO, A. G. S.; SANTOS, J. E. G. G. Apostila de Máquinas Agrícolas. Bauru: Unesp, 2001. 83 p

FURLANI, C. E. A.; SILVA, R. P. Apostila Didática Nº 3, Tratores Agrícolas. Jaboticabal: Unesp, 2006. 19 p

MIALHE, L. G. Manual de mecanização agrícola. São Paulo: Ceres, 1974. 301 p

MIALHE, Luiz Geraldo. Máquinas Motoras na Agricultura. Volume 1. São Paulo: Editora EDUSP, 1980, 367p.




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