18 de abril de 2013

Substância ricina, enviada em carta a Obama, tem origem na mamona

Nesta semana, cartas enviadas ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e ao senador republicano Roger Wicker foram interceptadas pelo serviço secreto do país devido à presença da substância ricina, uma toxina que tem origem na mamona e que pode matar uma pessoa apenas com uma pequena quantidade, de acordo com especialistas.


Na quarta-feira (17), uma carta direcionada a Obama com uma “substância suspeita” foi detectada pela polícia especial responsável pela segurança presidencial. Na véspera, a Polícia do Capitólio interceptou um envelope contendo a mesma toxicina. Uma pessoa suspeita foi presa ainda nesta quarta por ter enviado a correspondência ao presidente.

De acordo com Leila dos Santos Macedo, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz e presidente da Associação Nacional de Biossegurança (ANBio), a ricina é uma proteína encontrada na mamona, presente em sua semente e no bagaço dela, resultante da produção de óleo. Segundo a especialista em microbiologia e imunologia, essa substância, mesmo em “pequeníssimas quantidades" pode ser letal.

“Uma semente da mamona ingerida por uma criança pode matá-la. Uma microquantidade de ricina ingerida ou inalada por uma pessoa pode causar uma reação no corpo que leva à morte entre 24 horas e 72 horas”, explicou Leila.

Parada respiratória
A especialista explica que a ricina pode ser misturada à água, ao alimento ou mesmo colocada em uma carta. Os sintomas de contaminação podem ser confundidos com os de uma pneumonia, já que a vítima tem problemas respiratórios, febre, tosse, enjoo e rigidez no peito.

“É uma proteína que inibe a síntese de proteínas das células do corpo. Ingerir uma pequena quantidade, como 500 microgramas, pode causar a parada respiratória em até 72 horas”, afirmou a pesquisadora.

Leila Macedo considera a ricina mais perigosa que outra substância utilizada no bioterrorismo, que é o antraz. Em 2001, ataques com esse material deixaram cinco mortos nos EUA. O autor do crime nunca foi identificado. Segundo Leila, foi possível desenvolver uma técnica que combate a contaminação por antraz, bloqueando seus efeitos. Mas ainda não há uma cura para o envenenamento por ricina, apenas tratamentos paliativos.

"Nossa preocupação agora é alertar as autoridades para o risco desta toxina, sobre as medidas preventivas que devem ser adotadas, não somente para evitar a produção da ricina, mas para evitar que este material caia em mãos erradas", disse.

Ela afirma que o tema será debatido em um congresso da ANBio que será realizado ainda este ano e terá foco na Copa do Mundo de 2014 e nas Olimpíadas de 2016, grandes eventos esportivos que vão ocorrer no Brasil.

Fonte: G1




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