10 de abril de 2013

Razões para o aumento do tomate

Lívia Andrade


A fama de vilão se deve à magnitude do aumento: 150% em 12 meses. Se a base do cálculo for os primeiros meses do ano, a porcentagem pode chegar a 300%. No entanto, é preciso lembrar que no verão, por conta das chuvas, o fruto normalmente registra um aumento de preço. E a alta além do habitual se deve a uma série de fatores: os problemas climáticos já mencionados; a redução da área plantada, como reflexo dos preços baixos na última safra, que desestimularam muitos produtores; e o aumento do custo da mão de obra.


No ano passado, houve uma supersafra do fruto. O excesso de oferta derrubou os preços a tal ponto que o quilo do tomate chegou a ser vendido entre R$ 1 e R$ 1,50, valor abaixo do custo de produção, que era de R$ 2 o quilo. A situação causou endividamento e muitos agricultores resolveram reduzir a área plantada. “Ao contrário das commodities, em horticultura não há mecanismos de proteção de preços. No momento em que o produto é colhido, ele tem que ser imediatamente comercializado, independente dos preços vigentes”, explica João Paulo Bernardes Deleo, analista de mercado do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP .


Com oferta menor, o preço do tomate cresceu. Somando-se a isso, o mercado de trabalho está aquecido e há muitas vagas nas cidades. “Hoje ninguém mais quer trabalhar na roça. Trabalhar na indústria dá mais status e quem fica no campo está cobrando mais caro”, afirma Feliciano, da Elo Fruti. O custo de mão de obra porteira adentro subiu entre 20% e 30%. A boa notícia é o início da colheita da safra de inverno de tomate no Estado de São Paulo, que deve pressionar os preços para baixo. Mas dificilmente o fruto irá voltar aos preços praticados no mesmo período do ano passado (R$ 3 o quilo) por causa do aumento do custo do trabalhador rural.


Engana-se quem pensa que os produtores de tomate estão rachando de ganhar dinheiro neste ano. O fruto é uma cultura de ciclo curto e o lucro vai depender da produtividade, que é diretamente afetada pelas variações climáticas. “Portanto, mesmo com os preços bastante elevados, o agricultor pode estar tendo prejuízo, caso tenha tido produtividade muito baixa”, diz Deleo. Além disso, muitos deles estão endividados e vão usar o ágio para equilibrar as contas.

Fonte: Sou Agro

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